domingo, 18 de março de 2012

Dia 2 Cochabamba — Uyuni

E ai pessoal! Segundo dia de viagem começou bem cedo. Acordamos por volta das 7h30m. Fomos reorganizar as mochilas para nossa viagem a Oruro e logo depois fomos tomar café, onde experimentei o famoso chá de coca. Tem um gosto bom!

Quando fui encerrar a conta na recepção, tive duas noticias "boas". A primeira foi que o taxista que nos levou do aeroporto até o hotel na noite anterior, havia nos roubado. Ele cobrou 30 bolivianos por uma corrida que era para ter custado 5. Mas tudo bem, foi um prejuízo de menos de 10 reais. A segunda noticia era que a estrada para Oruro realmente estava bloqueada devido a manifestações. A recepcionista não sabia se existia uma rota alternativa. Fomos de táxi até a rodoviária. Desta vez sem sermos roubados!

Chegamos lá por volta das 11h e fomos conversar com uma mulher que vendia passagens para Oruro no meio da rua. Pelo pouco que entendemos, ela nos disse que uma van poderia nos levar até o bloqueio e de lá teríamos que caminhar mais uns dois quilômetros e pegar outra van para chegarmos até o destino. Não sabíamos para onde teríamos que caminhar, se realmente existiria uma outra van depois do bloqueio e nem quanto eles cobrariam. Também não sabíamos se daria tempo de pegar o trem que partia às 19h. Mas espírito de aventureiro é assim mesmo. Decidimos entrar na van de pneu careca. Detalhe, estava chovendo e fazia frio nesse dia.

Dez minutos depois de entrar na van eu já estava aprendendo a rezar de novo. O cara pegou uma estrada de chão muito doida, cheia de água empossada e que passava ao lado de um precipício. Pneu careca! O mais divertido era quando ele entrava nas curvas de mão única a 60 km por hora. Ele apertava a buzina para sinalizar a qualquer carro que viesse no outro sentido. Relembrei até o Pai Nosso nessa hora rs..... No meio do caminho conhecemos um boliviano chamado Hobby (não sei se é assim que se escreve). Ele disse que também estava indo para Uyuni e perguntou se já havíamos comprado as passagens do trem que saía de Oruro. Não havíamos comprado. Ele disse que a gente talvez não encontrasse passagens para Uyuni porquê no outro dia existiria uma feira na cidade e os ônibus não estavam indo para Uyuni devido ao estado das estradas. Nessa hora me deu vontade de desistir de conhecer o salar. Ele se ofereceu para fazer uma reserva pois tinha um amigo que trabalhava na estação. Fiquei um pouco com o pé atrás diante de tanta bondade, mas como ele não nos pediu nada em troca, decidimos aceitar

A viagem prosseguiu. O motorista ficava a maior parte do tempo com uma mão na buzina e a outra no celular. Não entendia muito bem o que ele falava, mas parecia estar meio perdido sem saber o caminho. Depois de umas 3h de viagem, o motorista chegou em um lugar que tinha várias outras vans. Começou uma gritaria geral, o motorista da nossa van saiu correndo de ré. Mas de repente nossa van foi cercada. Eram os bloqueadores. Começou uma discussão tensa entre o motorista e os bloqueadores. Eu estava mais perdido que cego em tiroteio. Me senti em uma daquelas propagandas da Wizard rs. Primeiro mandaram a gente descer. Achei que ia ser linchado essa hora. Depois de um tempo, o motorista deu um dinheiro para os caras e eles mandaram a gente subir de novo na van. Não sabia se estavam mandando a gente embora ou se nos deram permissão para continuarmos

A viagem prosseguiu um pouco mais a frente até que chegamos em outro bloqueio. O motorista mandou a gente descer de novo e falou que daquele ponto iríamos a pé. Quando passamos do bloqueio, avistamos uma van parada. Não sei se aquela van não poderia estar ali, mas o Hobby fez sinal para corrermos. Quando olhei para trás os bloqueadores estavam correndo em nossa direção com chaves de roda na mão. Saímos correndo com nossas mochilas de 12 kg nas costas e pulamos dentro da van. Perguntei ao Hobby com meu portunhol triste, para onde a van que havíamos acabado de entrar estava nos levando. Ele disse que a van nos levaria até o ponto do bloqueio onde éramos para ter ficado originalmente. E que de lá caminharíamos 2 km para pegar uma outra van para oruro. Chegamos ao ponto principal do bloqueio, um engarrafamento gigantesco para todos os lados que se via. Carros, caminhões e ônibus parados desde o início do bloqueio, que já durava três dias.

Começamos nossa caminhada. A única coisa que não falaram era que esses 2 km era ladeira acima. O Hobby estava com uma mochila bem mais leve e começou a caminhar bem de pressa. Eu como não era doido de perder meu guia, acelerei o passo. Quando chegamos ao topo da ladeira, conseguimos pegar uma van que finalmente nos levaria a oruro. O caminho foi emocionante também. Neblina, chuva, estrada esburacada, visibilidade de 5m e precipício do lado. Como Deus está do lado dos mochileiros, chegamos ilesos a Oruro. Fomos de táxi até a estação, o qual foi pago inteiramente por Hobby.

Após pegarmos os tickets, nos despedimos dele e agradecemos por toda sua ajuda. Com certeza não teríamos chegados a tempo se não fossemos guiados. Pegamos o trem as 19h e seguimos rumo a Uyuni. Chegamos lá por volta das 2h em um frio de entortar os ossos. Ao chegarmos no albergue, ainda tivemos uma última surpresinha, nossa reserva havia sido feita para o dia errado, mas felizmente havia acomodações disponíveis!

Detalhe, às fotos da estrada aparecem com o protetor na lateral, mas quase nenhum trecho tinha isso. Tem muitas fotos e vídeos aqui, mas com a internet boliviana vai ser mais rápido eu voltar ao Brasil do que postar aqui. Abraço a todos. Mais uma vez desculpem pelos erros de português e formatação da página. Estou escrevendo do celular e não da para revisar texto. O dicionário maluco às vezes bota palavras sem sentido ou que nem existem ao longo do texto.



Chá, Coca, Viagem, Cochabamba



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