segunda-feira, 26 de março de 2012

Dia 13 Santa Cruz a Brasília.

Finalmente havia chegado a hora de voltar para minha casa a qual eu já estava com saudades. Quando acordei às 7h, não fazia a mínima idéia de que este seria um dos dias mais desastrosos de toda minha vida. Nos planejamos para passar a manhã aproveitando a piscina. Depois iríamos fazer Check Out, almoço e voltar para o aeroporto. Não me lembrava da hora exata do vôo, mas lembrava de ter visto no papel que era por volta das 16h. Dessa forma fiquei tranquilo e nem verifiquei o papel da reserva. Passamos a manhã de molho na Jacuzzi rindo despreocupadamente da vida. Por volta das 11h, voltamos ao quarto para nos arrumarmos e fechar as malas. Eram exatamente 12:30 quando estávamos prestes a sair do quarto para fazer o Check Out. Me lembro que estava escovando os dentes quando a Marcia foi verificar o papel da reserva para saber a hora exata do vôo. Neste momento veio a surpresa. O vôo saia às 13h40m. Às 16h era a conexão dele no Paraguai.

O choque foi tão grande que saímos correndo do quarto com a esperança idiota de que conseguiríamos embarcar em um vôo internacional com menos de uma hora de antecedência. Fechamos a conta do hotel rapidamente e entramos em um táxi. Pedimos para o motorista correr. No meio do caminho percebi que havia deixado sob a pia do hotel meu óculos oakley de 160 dólares com 10 dias de uso. Me deu vontade de chorar. Por ter ido correndo, o taxista nos cobrou o olho da cara. Quando chegamos ao aeroporto, o óbvio aconteceu. O embarque já havia encerrado. Como era o único vôo da Tam no dia, sequer haviam funcionários no guichê. Esperamos por mais de 40 minutos em frente ao guichê da Tam até alguém aparecer. Fomos informados que teríamos que pagar umas multa 86 dólares para cada e que só haveria outro vôo para o Brasil na terça feira, dois dias depois. Me deu vontade de chorar de novo. Com o trabalho recomeçando na segunda, esta não era uma opção muito viável.

 Como havíamos perdido o vôo, voltamos ao hotel para recuperar meu óculos. Mas quando chegamos lá, mais notícias ruins. Me informaram que não encontraram meu óculos. A recepcionista informou que conversou com a própria funcionária que havia feito a limpeza do quarto. Com o próprio ladrão negando o crime, não havia muito o que fazer. O óculos já era, fato. Passamos a tarde inteira fazendo ligações para o Brasil e usando a internet para verificar às opções. Era por volta das 17h quando chegamos a conclusão de que a melhor opção seria pegar um vôo da gol que saía na madrugada seguinte às 4h50m. O valor das passagens, mais de R$ 600,00 cada. Em um dia, o prejuízo que tive por causa do vôo perdido foi maior que mais da metade dos gastos que tive ao longo da viagem inteira. Foi muito chato. Ao menos o único culpado pela perda do vôo fui eu mesmo. Desta forma foi mais fácil digerir o prejuízo.

Mas felizmente o prejuízo foi apenas financeiro e se for avaliar não foi algo desastroso. Além do mais, este fato certamente servirá de lição para futuras viagens. Felizmente já fui repatriado e estou escrevendo o post sobre este último dia em terras tupiniquins. Agradeço a todos os leitores e espero que este blog sirva de apoio para futuros viajantes a Bolívia. 


Descansando na Jacuzzi enquanto o vôo partia....

Dia 12 La Paz a Santa Cruz

Havia chegado o dia de nos despedirmos de La Paz. O vôo para Santa Cruz era apenas às 19h. Decidimos fazer um City Tour por conta própria pela cidade. Fomos ao mirador Killi Killi e de lá pegamos um táxi para a Plaza Murillo. Depois decidimos dar uma volta a pé pelo centro. Encontramos um shopping e o único Burger King da cidade. Continuamos andando até que achamos nosso albergue novamente.

Depois de almoçar, voltamos para o Hostel, pegamos nossas coisas e fomos para o aeroporto. O táxi custou 50 bolivianos. Se tivesse chorado provavelmente teria saído mais barato, mas não estava com saco de pechinchar para economizar 3 reais. O vôo para Santa Cruz saiu no horário previsto e foi em um avião muito velho da Aerossur. Para se ter idéia, haviam cinzeiros nos assentos.

Quando vi La Paz de cima, percebi o quanto a cidade é concentrada e pequena para o número de habitantes. Passamos muito próximos ao pico de algumas montanhas nevadas, a visão é muito bonita. O vôo durou cerca de 50 minutos. Quando desembarcamos em Santa Cruz, que fica a pouco mais de 400 metros de altitude, sentimos a mudança brusca de clima. Estava quente e úmido, exatamente o oposto de La Paz.

Era hora de aproveitar. Como as coisas na Bolívia são baratas, compramos uma diária em um hotel 5 estrelas por 250 reais. Quando chegamos, ficamos deslumbrados com o lugar. Nosso "quarto" era um duplex com 2 suítes, um terceiro quarto e banheiro separado, sala de estar, cozinha e até dependência para empregados. O lugar era um spa com piscinas e jacuzzi. Ficamos acordados até tarde da noite passeando e descobrindo tudo que o lugar tinha a oferecer....





Dia 11 Copacabana a La Paz

Dia de deixar Copacabana. No dia anterior havíamos comprado passagens de volta para La Paz para o ônibus que saia às 14h. Fomos tomar café por volta das 9h. Mas quando chegamos no café da manhã do hotel, não havia mais nada. Não me importei muito porque o café que havíamos tomado no dia anterior foi o mais fraco de qualquer hospedagem que eu já fiquei na vida. Consistia de apenas pão, geléia e chá. Fomos para a rua onde existiam diversos restaurantes e escolhemos o Coffe Shop Copacabana. O lugar é bem arrumado por fora, haviam vários e turistas por lá e imaginei que seria um bom lugar. Mas não foi. O atendimento foi um dos piores que já tive e a comida idem. Primeiramente, a Chola que trabalhava como garçonete demorou uns 15 minutos para nos atender. Quando finalmente fomos atendidos, pedimos dois mistos com chocolate quente. Após mais uns 10 minutos chegaram os chocolates quentes. Quando fui provar, estava azedo. Os dois estavam da mesma forma. Provavelmente o leite estava estragado, já que os bolivianos muitas vezes não mantém refrigerados alimentos perecíveis. Chamamos a atendente e reclamamos. Estranhamente, ela levou embora apenas uma das xícaras com chocolate e deixou a outra. Passados mais 10 minutos, chegou um dos mistos do pedido. Aguardamos um tempo e nada do outro misto chegar. Reclamamos novamente e a atendente informou que traria o outro. Passados mais uns 10 minutos, ao invés e trazer o misto, veio a conta cobrando os 2 mistos e 1 chocolate quente. Nessa hora deu vontade de levantar e ir embora sem pagar nada. Chamamos a atendente novamente e reclamamos mais uma vez. Ela pediu desculpas e falou que traria o misto, mas informou que quanto ao chocolate já havia cancelado um e não poderia cancelar o outro. Fiquei com vontade de mandar ela para aquele lugar, mas não queria discutir com uma pessoa em espanhol. Preferi pagar logo o maldito chocolate quente azedo que custou 18 bolivianos. Passados mais alguns minutos finalmente veio o misto que estava faltando.

Saímos quase 11 horas do café e acabamos desistindo de almoçar. Fiquei feliz de estar voltando para La Paz. Apesar de ser um lugar bonito, a falta de estrutura em Copacabana é irritante. A viagem de volta não foi nada tranquila. Quando estávamos próximos ao destino, percebemos que havia alguma coisa errada. O ônibus pegou um caminho estranho por dentro de uma cidade que parecia uma favela. Quando percebemos, as ruas estavam bloqueadas por protestantes. Haviam pedras e pneus estavam sendo queimados para impedir a passagem. O motorista do ônibus desceu e conversou com o pessoal que estava bloqueando a estrada. Me veio na mesma hora a lembrança do início da viagem, de nós correndo com a mochila nas costas. Fiquei com receio de ter que voltar a Copacabana e ficar preso por lá. Felizmente, nosso ônibus foi liberado. Quando cheguei em La Paz, fiquei sabendo que os ônibus que tinham como destino Copacabana estavam sendo cancelados. Dei graças a Deus por não ter ficado preso em Copacabana no final da minha viagem.

Me lembrei de relatos que havia lido em outros blogs sobre viajantes que tiveram que modificar o plano de suas viagens devido a bloqueios semelhantes, o que mostra que o problema não é recente e parece ser frequente. Não querendo entrar no mérito do porquê dos bloqueios, acho lamentável esta falta de uma estrutura mínima ao turista e os perrengues que estes tem que se sujeitar. A Bolívia tem um potencial enorme para o turismo, mas a falta de apoio do governo boliviano em garantir um apoio mínimo ao turista, torna o grupo de pessoas que se dispõe a visitar o país, muito restrito.

Chegamos cansados em La Paz já de noite. Comi um mega prato de comida já que estava me sustentando apenas com o misto do café da manhã. Ainda pensamos em encarar uma balada já que não precisaríamos acordar cedo no outro dia. Mas com a falta de informações até mesmo na internet sobre a balada em La Paz, acabamos desistindo da idéia.

Empresa que tem o ônibus turístico as 18:30 
Desfile que estava ocorrendo no dia
Café Copacabana Coffe Shop

domingo, 25 de março de 2012

Dia 10 Trekking na Isla del Sol

Acordamos por volta das 7 horas para ir para a famosa ilha do sol. Contratamos um barco no porto de Copacabana para ir para o lado norte da ilha. O barco leva em torno de 2h para ir de copacabana até la. Novamente, a questão da segurança foi algo que tive que relevar. O transporte é feito em um barco velho de madeira, sem colete salva vidas e sem qualquer norma quanto ao limite de peso ou sua distribuição dentro da embarcação. A maior parte do passeio é feita próxima a margem do lago. O problema é que a temperatura do lago esta certamente abaixo dos 10°C. Um naufrágio a esta temperatura, acho pouco provável que a maioria das pessoas a bordo conseguiria chegar a margem. Mas enfim, a probabilidade de um acidente é pequena já que o lago não tem ondas. 

A ilha do sol é um lugar muito bonito. Em muitos momentos as paisagens me lembraram a ilha de Fernando de Noronha. Mas noronha é muito mais bonito devido a sua diversidade de vida marinha. O trekking na ilha para atravessar do lado norte ao sul tem aproximadamente 7km de distância. Mas devido as intensas subidas e descidas, a caminhada leva em torno de 4 horas. O detalhe é que para se fazer a trilha é necessário pagar pedágio aos moradores. Como o povoado do lado norte não se entende com o povoado do lado sul, é necessário pagar a taxa para os dois povoados. No total tive que pagar três pedágios. Um no lado norte e dois no lado sul. O total dos pedágios resultou em 30 bolivianos. O valor é pequeno. Mas achei abusivo, porque o valor não é cobrado de forma oficial. Os moradores da ilha o cobram da forma como bem entendem. 

Para caminhar na ilha também é necessário ficar atento ao horário dos barcos. Caso você não pretenda dormir por lá, deve saber que o último barco sai às 4h. Dei muita sorte em relação a isso. Não sei como, mas meu relógio atrasou sozinho uma hora. Acredito que foi algum problema na rede de telefonia local que modificou o horário do meu relógio de forma errada. Quando cheguei da caminhada, vi que ainda tinha tempo de sobra e decidi ir comer em um restaurante. Cheguei no porto do lado sul da ilha com meu relógio marcando 15h. Comprei um bilhete para voltar a copacabana e o barco partiu imediatamente. Quando fui olhar o relógio da Marcia, vi que o meu estava uma hora atrasado. Por muito pouco não perdemos o último barco e ficamos presos na ilha. 

Quando retornamos a Copacabana, descobrimos que haveria a opção de retornar a La Paz em ônibus turístico no mesmo dia. Quando estávamos em La Paz nos informaram que o último ônibus turístico voltava às 14h. Na verdade, a Titicaca Tours é a única empresa que oferece retorno para La Paz em ônibus turístico às 18h30m. Como já havíamos nos planejado para passar a noite novamente em Copacabana, decidimos ficar por lá. Mas fica a dica para quem vem de La Paz e quer fazer a travessia a pé na ilha. É possível fazer o passeio gastando apenas dois dias. 

De volta a Copacabana, fomos jantar e jogar conversa fora em um dos restaurantes que fica na rua mais badalada de Copacabana e concentra inúmeros pubs e restaurantes. Voltamos ao hotel por volta das 0h. Bem cansados da caminhada a qual desgasta bastante principalmente devido a altitude em que o titicaca está.












Dia 9 La Paz a Copacabana.

Após o frenético pedal no dia anterior, resolvemos descansar um pouco. Como havíamos decidido ir para Copacabana, ficamos com a manhã livre. Compramos as passagens pela Titicaca Tours para o ônibus com saída as 14h. Na parte livre da manhã resolvi comprar alguns equipamentos de escalada. Mas ao contrário do que já li em alguns fóruns, não encontrei nenhuma barbada. Pesquisando nas principais lojas de esporte de La Paz como a Tatoo, os preços encontrados são um pouco abaixo do que é praticado no Brasil, mas não encontrei nenhuma pechincha. 

As 14h pegamos o ônibus turístico para Copacabana. Apenas um detalhe para quem pretende vir para esta região. Não pegue os ônibus públicos para Copacabana. Eles são bem toscos. Um detalhe interessante da viagem para Copacabana é que o ônibus atravessa um pedaço do lago titicaca de balsa. Os passageiros tem que descer do ônibus e atravessar de barco este trecho. A passagem no barco custa 1.5 bolivianos. Uma taxa quase simbólica para nós brasileiros. A viagem dura cerca de 4 horas. A paisagem, principalmente próxima ao lago é muito bonita. Chegamos em Copacabana perto do final da tarde e sem nenhuma acomodação reservada. Na própria empresa de ônibus na chegada, nos ofereceram um hotel com vista para o lago, banheiro privativo e wi fi por apenas 80 bolivianos a diária. Achamos muito barato e fomos verificar. Realmente o lugar era bacana e o preço estava muito bom. Se chama Hotel Mirador. 

Saímos para dar uma volta e ver o por do sol. A beira do lago em copacabana é um lugar muito bonito. O lago titicaca é tão extenso que realmente da a impressão de ser mar. Suas águas se estendem até a linha do horizonte e ver o por do sol naquele lugar é um verdadeiro espetáculo. Na volta pela orla do lago acabamos encontrando outros hostels ainda mais arrumados. Não perguntamos preços mas ficamos um pouco arrependidos de termos aceitado tão rápido a oferta do hotel mirador. 

Já de noite saímos para comer alguma coisa. A questão da infraestrutura no local deixa a desejar. Apesar de ter vários restaurantes e cafés que aparentam ser arrumados, a questão da higiene é sempre duvidosa. Acabamos comendo em uma pizzaria próxima ao lago pois já estava tarde e fiquei com medo de não achar outro lugar aberto. Pedimos uma pizza média que segundo o garçom dava tranquilamente para duas pessoas. O que veio foi metade de uma pizza normal. Acho que média em espanhol deve significar metade rs..... Como fiquei com fome, pedi um hamburguer para complementar. O que veio foi um sanduíche muito tosco com uma carne moída cheia de gordura e que ficava desmontando. Dava a impressão de estar cru. Fiquei pensando se comia aquilo correndo o risco de passar mal ou se ficava com fome o resto da noite. Preferi encarar o sanduíche. O sabor não era dos piores. Quando se come 2 refeições por dia, nunca se acha a comida ruim rs..... Voltamos para o hotel por volta das 22h e fomos dormir para nos preparar para a trilha na Isla del Sol no dia seguinte.







sexta-feira, 23 de março de 2012

Dia 8 Downhill estrada da morte.

Finalmente havia chegado um dos dias mais esperados da viagem, o Downhill na estrada da morte. Contratamos a Albert Tour para fazer o passeio ao preço de 450 bolivianos por pessoa. Com fotos, camisa, alimentos e bike full suspension inclusos. O Downhill na estrada da morte começa em um local próximo a La Paz chamado La Cumbre, situado a 4.700m acima do nível do mar. Ele termina no vilarejo de Yolosa, parte da selva amazônica boliviana e situado a apenas 1.200m acima do nível do mar.

São 3.500 metros de variação de altitude em um trajeto de 64 km. Já havia lido muitos relatos sobre este Downhill na Bolívia. Inclusive muitos relatos de acidentes. Confesso que estava com um pouco de medo do que estava por vir. Para quem nunca ouviu sobre a estrada da morte, digita no Google para ver as fotos do lugar.

Chegamos em La Cumbre por volta das 10 horas da manhã. Estava muito frio. A sensação térmica era de 0° ou menos. Nunca senti tanto frio na vida. Havia um nevoeiro provocado pelas nuvens. Ventava muito e estava chuviscando. Existiam diversos grupos de diferentes agências no local. Seguramente haviam mais de 50 pessoas fazendo a descida naquele dia. Nosso grupo era pequeno, 3 pessoas apenas. Nosso guia, era um cara muito gente boa chamado Diego.

Após rápidas explicações, começamos a descida. O início é bem tranquilo porque já pega a parte nova da estrada que é asfaltada. Minhas mãos estavam congelando mesmo com luvas. Parecia que eu ia perder os dedos. Mesmo sendo nova a estrada, ela segue os rigorosos padrões de segurança da Bolívia. Afinal para que proteção lateral se o abismo é de apenas algumas centenas de metros rs...... Na parte de asfalto fiquei muito confiante. Comecei a apostar corrida com o guia, mas ele me ganhava muito fácil ehehehe. Após alguns quilômetros chegamos ao Check Point de entrada da estrada da morte. É necessário pagar 25 bolivianos para entrar na estrada. E necessario guardar o ticket pois ele será cobrado mais tarde. Neste ponto as bicicletas são colocadas em cima da van novamente e seguimos de van até a entrada da estrada da morte, porque o trecho que se segue é de subida. Todas as agências fazem isso. Não foi preguiça minha. Pedalar neste ponto não é opcional.

Quando a van finalmente chegou a estrada da morte, eu tive um choque. Já tinha visto aquela cena através de fotos, mas estar ali foi totalmente diferente. O abismo na lateral da estrada é tão profundo que não da para ver o fim, porque ele fica coberto por nuvens. Nessa hora eu comecei a me perguntar que merda eu estava fazendo ali. Que tipo de idiota gasta dinheiro para arriscar a vida rs!? Bem, certamente eu sou um desses. Já estava ali e não tinha mais jeito. Comecei a descida muito travado. O chão estava molhado e escorregadio. O detalhe é que a estrada ainda funciona atualmente. Portanto além do risco natural de queda, ainda existia o risco de dar de cara com um carro. A orientação do guia, era para que caso você encontrasse um carro, deveria ficar do lado do abismo. Não sei o porque disso. A velocidade que você pedala é pessoal. Tem gente que vai bem devagar, tem gente que desce correndo. A única regra é não ultrapassar o guia. A medida que fui descendo, fui ganhando mais confiança. A pista foi secando e a temperatura aumentando.

O começo da trilha é bem sinistro porque você pedala dentro da nuvem. A visibilidade é muito baixa. Ao longo da trilha passamos por diversas cachoeiras e fazemos algumas paradas para lanches e para fotos. Ao final da trilha eu já estava bem empolgado. Quando você bota um capacete de motocross, luvas, joelheiras e cotoveleiras, não tem como você não se sentir um atleta profissional rs. Esqueci o abismo do meu lado e ao invés de usar os freios, usei os pedais da bike para ir o mais rápido possível.

Me lamentei por não ter comprado ainda minha câmera Go Pro. Faria ótimas imagens. Chegamos a Yolosa por volta das 16 horas. A temperatura lá em baixo estava em aproximadamente 30°. Perguntei ao guia qual era o tempo recorde de descida e ele me disse que eram impressionantes 1h8m desde o ponto inicial em La Cumbre, incluindo o trecho de subida em que fomos de van. Após a chegada, fomos para um hotel fazenda próximo só local onde almoçamos. Fio picado por diversos insetos exóticos da amazônia. Meu braço ficou todo inchado. Por sorte o médico do ambulatório do viajante mandou eu tomar uns 30 tipos de vacina diferentes antes de sair do Brasil. Até o momento não apresentei nenhuma infecção rs..... Chegamos de volta a La Paz já era de noite. Estávamos exaustos. Mal aguentamos jantar e desmaiamos no Hostel. 
































Dia 7 Chacaltaya

Seguindo nossa rotina de descansos, acordamos as 7 horas. Combinamos com o pessoal da agência de nos pegarem no hostel as 8:15. Após tomar café e arrumar as coisas ficamos na recepção do hostel aguardando a van. Às 8:30 apareceram para nos buscar. Fomos o primeiro grupo a embarcar na van. O motorista seguiu pelas ruas de La Paz que mais parecem um labirinto e foi pegando as outras pessoas que iriam no passeio. No último grupo a ser pego, tivemos uma boa surpresa. Era um grupo de brasileiros. Pela primeira vez desde o início da viagem pude conversar em português com pessoas desconhecidas. Foi muito bom. Este grupo estava vindo do Peru. Eles tinham visitado Machu Picchu e estavam passando por La Paz para depois ir para Uyuni. Foi legal trocar idéias com eles.

A van prosseguiu no caminho e começou a subir a montanha do Chacaltaya. Para quem não conhece, o Chakaltaya era a estação de esqui mais alta do mundo. Mas segundo a guia do nosso passeio, ela foi desativada devido ao aquecimento global. Sendo que atualmente não neva o suficiente no local para permitir a prática do esporte. O caminho até o topo é sinistro. Mais uma vez, a questão da segurança deixa a desejar na Bolívia. A van passa ao lado de um precipício. Em alguns lugares a impressão que da é que um pedaço da roda fica para fora da estrada. É realmente bizarro. Felizmente chegamos vivos ao Clube Andino, antiga base da estação de esqui. De lá subimos a pé para os dois picos da montanha, os quais estão situados a aproximadamente 5.500m de altitude. O primeiro pico foi alcançado de forma mais fácil. Não tão fácil assim porque caminhar a esta altitude gera muito cansaço. O segundo pico, 20 metros mais alto foi um pouco mais difícil, porque o caminho estava coberto por gelo o que torna tudo muito escorregadio. E um pequeno escorregão nesse local pode gerar um acidente bem feio. A vista dos dois picos é fantástica. Como o dia estava limpo, podemos avistar lá do alto o Huayna Potossi, o qual pretendo retornar a Bolívia para subir. Dava para ver um pedaço do lago Titicaca e algumas lagoas coloridas. A vista é de tirar o fôlego. De volta a van, demos continuidade ao passeio e fomos para o Vale da Lua. O lugar não é nada de mais. É uma formação rochosa com diversas fendas. Acho que o Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros é muito mais bonito e faz mais jus ao nome. Além de não ter achado muita graça, também não gostei de ficar caminhando ao lado de fendas de 10 metros de altura ou mais. Por ser uma reserva nacional, com entrada paga, acho que deveriam investir um mínimo na estrutura do local. Chegamos ao hotel por volta das 4 da tarde. Finalizamos o dia fechando o pacote na Albert Tour para o Downhill na estrada da morte para o dia seguinte.